A missão BioSentinel começa cientificamente onde foi largada a missão Apollo 17 em 1972, mas desta vez com a tecnologia necessária. E por isso que precisamos de falar sobre a missão Apollo 17, antes de explicarmos o que é a BioSentinel.
A missão Apollo 17 marcou o fim do Programa Apollo, levando o 11º e 12º astronautas à superfície da Lua. Nessa altura, a 7 de Dezembro de 1972, a Guerra Fria e as questões ideológicas no mundo, sob a bandeira de um suposto combate à pobreza, levaram ao redirecionamento do Programa Espacial. Pura e simplesmente mudou-se o foco: passou a ser mais importante para os EUA, defender-se das nações apoiadas pelo Bloco Soviético do que progredir na Ciência Espacial. Nem sequer na altura, o Espaço, captava tanto o interesse público como hoje… Interesse e apoio…

E portanto a Apollo 17 foi a última missão à Lua, apesar de na altura estarem ainda planeadas mais 3 missões. Resumindo, largou-se o Programa Apollo, numa altura de viragem, onde por exemplo voava também a bordo e pela primeira vez na história, um dos primeiros cientistas-astronautas (seleccionado em 1965): o geólogo Harrison “Jack” Schmitt.
Schmitt a bordo foi resultado da pressão “política” feita pela Academia Nacional de Ciências junto da NASA. Era por assim dizer a caminhada certa. Se tivéssemos continuado não tínhamos abandonado o Programa Espacial de Exploração da Lua (em detrimento da guerra), e hoje teríamos certamente construída uma base lunar… Até porque havia planos detalhados para isso na altura (ver Project Horizon Volume 1 e Project Horizon Volume 2), e que hoje em dia são públicos!

A Apollo 17 foi uma missão memorável. Foi ela que determinou que parte do solo lunar, onde existam vestígios de ferro oxidado, é laranja (conforme descobriu Cernan).
A Apollo 17 faz 50 anos em 2022

E 50 anos depois, é também altura de lançar a BioSentinel (missão de Cubesat para fazer Ciência). Passadas quase 5 décadas daquilo que teria sido o caminho certo, os engenheiros espaciais estão a montar “devices” do tamanho de uma mala, e que vão servir de lançadores de Cubesats (para perceber melhor o que são Cubesats, veja este nosso artigo publicado em parceria com o Sapo24). Ou veja aqui, explicado pela NASA:
Por isso os CubeSats agora vão ser essenciais, porque vão permitir fazer Ciência a baixo custo. Em concreto, o BioSentinel vai levar células de levedura em órbita ao redor do Sol para ajudar os cientistas a entender melhor o ambiente de radiação, para além da “bolha magnética protetora do planeta”. A última vez que intencionalmente se fez experiências deste cariz, foi com a Apollo 17 (ou seja, a última vez que se levou organismos vivos para o Espaço).
A grande diferença entre a Apollo 17 a BioSentinel, é que a primeira colectou dados durante menos de duas semanas e a segunda vai colectar dados durante 9 a 12 meses, no Espaço profundo.
A BioSentinel e a Levedura…
Para isso levará a bordo amostras que serão montadas no NASA/Ames Research Center para avaliar as “reparações” no DNA feitas pela levedura, que aliás tem mecanismos muito semelhantes aos dos seres humanos.
Para esses testes levará a bordo 30 libras ou 14 quilogramas, divida em duas variedades diferentes da levedura Saccharomyces cerevisiae: o “tipo selvagem” normal, que é bastante resistente à radiação, e um tipo mutante, que é muito mais sensível porque não pode reparar seu DNA tão bem como a primeira variedade. Será feita uma experiência paralela na ISS – International Space Station, em órbita da Terra.
A BioSentinel vai ser um dos 13 cubos que vão voar a bordo da missão Artemis 1, que será lançada em 2020 (fazendo parte do Programa Artemis – Lua em 2024) seguindo-se o Artemis 2, em 2023 – que será uma missão tripulada que envia quatro astronautas em redor da lua. A Artemis 2 vai realizar-se um ano depois da instalação dos módulos iniciais do Gateway.
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